Com o aparecimento da Internet e a interatividade, surge um novo modelo de comunicação, com cidadãos ativos e intervenientes, que interagem diretamente com a fonte de informação e que são eles próprios fontes de informação. Esta capacidade de interatividade em rede conduziu a uma outra condicionante importante: o pensamento em rede. Este modelo de pensamento segue o caminho de uma teia, determinada não pela fonte da informação mas pelo utilizador que com ela interage.
Esta nova forma de pensar na Sociedade de Informação vem alterar profundamente a educação e a formação como refere Lévy (2001): “O saber-fluxo, o saber-transação de conhecimento, as novas tecnologias da inteligência individual e coletiva estão a modificar profundamente os dados do problema da educação e da formação.”
A adopção das tecnologias que promovem a interatividade contribui para a mudança do processo ensino-aprendizagem. Criam-se novos contextos de ensino/aprendizagem que promovem uma prática pedagógica interativa, potenciam uma nova competência comunicacional na sala de aula e fora e propõem novos desafios para os intervenientes do processo. O professor desvincula-se do papel passivo, de transmissão/replicação de conhecimentos, e passa a assumir um papel mais ativo que promove e modera a aprendizagem colaborativa “… no sentido de abrir caminhos ao conhecimento, visando preparar o educando para o confronto com novos problemas, exercitar a ousadia da curiosidade e incentivar o espírito criativo e critico das crianças e jovens.” (Tedesco, 2006 citado por Furtado, 2009). O aluno adquire mais autonomia e sentido crítico e detém o controlo sobre a sua aprendizagem num contexto coletivo e colaborativo.
As ferramentas da Web 2.0 e a recente Web Semântica vêm facilitar a autonomia do aluno exigida para gerir a sua própria aprendizagem, a qual tem lugar em diferentes contextos e tempos decorrendo de forma formal e informal ao longo da vida. Torna-se evidente que a integração das tecnologias “colaborativas” no cenário educativo tem como consequência uma profunda revisão das funções exercidas pelos professores e alunos.
Nesta mudança de paradigma na Educação, a Biblioteca é obrigada a considerar o utilizador de informação não um mero espetador mas também “autor, editor, organizador e classificador de informação” (Furtado, 2009). Deixa de haver uma relação num sentido unidirecional (da biblioteca para o utilizador) e passa a ser pluridirecional, em que o utilizador participa na construção dos conteúdos e interage com diferentes utilizadores.
Miller (2005, citado por Furtado, 2009) defende que a Biblioteca 2.0 para além de se centrar no utilizador deve proporcionar uma experiência multimédia e deve ser socialmente rica e comunitariamente inovadora. Hernandez (2008, citado por Furtado, 2009) considera que o uso de ferramentas da web social estimula eficazmente a leitura, escrita e investigação.
Atualmente, a maior parte das nossas bibliotecas escolares proporcionam um serviço estático quando disponibilizam o catálogo on-line mas poderiam promover um serviço dinâmico com recomendações de livros consoante o utilizador (Maness, 2007).
A utilização de blogs já é uma prática corrente nas bibliotecas escolares. Permite colocar catálogos, vídeos, podcasts e serviços de biblioteca dentro da Web 2.0 e proporciona a produção rápida de publicações. Carecem, na maior parte das vezes, de serviços mais interativos e centrados no utilizador.
O uso dos wikis é outra solução rápida que as bibliotecas esdolares devem futuramente adotar. Podem ser criados wikis sobre vários temas que serão sujeitos à avaliação de outros utilizadores. Neste sentido, a promoção de um maior contato com os produtores de informação, proporcionará aos outros utilizadores a vontade de tornarem-se os próprios produtores de informação. Maness (2007) sugere a utilização de wikis para a criação de uma sala de grupo de estudo on-line que dinamizará uma maior interação entre o professor bibliotecário e os utilizadores.
O uso de mensagens instantâneas integradas nos chat será outra forma de promover a interação entre utilizadores e professores bibliotecários. De acordo com Maness (2007) quando o utilizador procurar um livro no catálogo on-line pode aparecer uma mensagem instantânea síncrona a oferecer ajuda.
Transformar a biblioteca numa rede social será sem dúvida o investimento maior que o professor bibliotecário deve concretizar nos tempos atuais. As redes sociais para além de serem usadas pela maioria dos jovens, permitem que os utilizadores interajam mais com os professores bibliotecários, partilhem, colaborem e criem laços com os outros utilizadores. Maness (2007) referencia a rede social Library Thing que permite que utilizadores recomendem livros a outros utilizadores ao visualizarem as coleções uns dos outros.
Referências
Furtado, C.C. (2009) Bibliotecas escolares e web 2.0: revisão da literatura sobre Brasil e Portugal, Em questão, Porto Alegre, v.15, n. 2, p.135-150